quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pequenos Grandes Restaurantes

Uma nova tendência de restaurantes em Sampaulo é a miniaturização, ou seja locais pequenos com capacidade em torno de trinta pessoas e localizados em distritos mais residenciais. Um fato intrigante é que até os nomes são reduzidos há no máximo três silabas

A única desvantagem é quando ficam famosos, pois fica difícil encontrar uma mesa vaga, o local de espera é incomodo, e o giro das mesas é lento. A maioria dos lugares tem um charme particular o que convida os comensais a passar mais tempo curtindo o local

As vantagens são muitas, comida bem elaborada, ingredientes frescos, serviço personalizado, decoração caprichada e, sobretudo a comodidade de estar perto de casa.

O bairro de Pinheiros, minha morada, conta ótimos restaurantes, a saber:

Lá vão os recomendados:

Chou – Celebração, partilha e simplicidade

Dô – Japonês, do tradicional ao moderno sem afetações

Le Petit Trou – Culinaria da Costa Norte da França, Normandia e Bretanha

Nicota – Influências do gosto paulistano

Nou – Cozinha contemporânea

Vito – Italiano Tradicionalíssimo, da Nona

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Capuchinha


Planta nativa do Peru, México e algumas regiões da América Central. Tem aparecido nas nossas feiras livres e em vários restaurantes da cidade, sempre na forma de flor. De gosto levemente amargo, uma mistura de rúcola e agrião, ela passou a enfeitar as saladas e pratos, sendo considerada uma das melhores flores comestíveis disponíveis.

Plantei uma muda no meu vaso de alecrim, e ela se espalhou rapidamente, enquanto as flores não chegam estou comendo as folhas, cujo sabor é quase igual ao das flores, porem mais concentrado, excelente aromatizante de saladas, pestos, molhos etc.

Alem de comestível fica muito bem como forração de jardim e possui vários atributos medicinais de cura, como afecções da pele, problemas digestivos e pulmonares, escorbuto e insônia. E ainda tem propriedades bactericida, digestiva, expectorante, sedativa, tônica e é rica em vitamina C.

Para comprar as mudas orgânicas à R$ 3,00 cada vá até Sabor da Fazenda .

Pela manhã ando comendo um belo queijo quente com as folhas de capuchinha.

Sanduba Queijo Quente



2 fatias de pão multigrãos (usei da minha fornada)
2 fatias de pão Centeio (usei da minha fornada)
2 fatias de queijo branco (usei vernise)
4 fatias de tomate maduro
6 folhas de capuchinha
Orégano
Azeite
Sal e Pimenta do reino


Em uma chapa de ferro esquentar as fatias de pão de um lado e chapear o queijo branco do outro.
Ao virar o queijo adicionar o tomate, sal, orégano, pimenta do reino e as capuchinhas.
Cobrir com tampa de panela, para abafar, por 1 minuto.
Montar os sandubas combinando os pães alternadamente, regar com fio de azeite.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Vittore Carpaccio


Um clássico da culinária italiana que sofreu algumas mutações ao longo dos anos, algumas para melhor outras para pior, porem vamos voltar à sua origem lá em Veneza onde surgiu a preciosa iguaria, hoje popularmente cultuada em todo o planeta.

Vittore Carpaccio (1455/65 – 1525/26) pintor Veneziano que durante o século XV participou ativamente da Escola Veneziana que como característica utilizava uma iluminação quente e dourada alem de um colorido intenso nas suas obras. Carpaccio não fugia desta característica retratando com precisão e sensibilidade a vida veneziana do seu tempo. Seu acervo de quadros sob tema “ A Lenda de Santa Úrsula (1490-95) ”, narra a intimidade de uma jovem mulher da aristocracia veneziana de seu tempo. Como se pode notar, a intensidade da cor vermelha presente nestes quadros pode ser também uma pista para o famoso prato.

A história do prato tem inicio com a redescoberta pelos venezianos da obra de Carpaccio. Lá pelos idos 1963 uma exposição da obra do pintor causou impacto na sociedade veneziana virando assunto em todas as rodas sociais. Neste ínterim a condessa Amália Nani de Mocenigo adoeceu e seu médico receitou uma dieta rica em proteínas para combater a enfermidade e aconselhou-a a comer carne crua. Apavorada a condessa procurou seu amigo, dono do Harrys´s Bar, Giuseppe Cipriani, que prontamente desenvolveu um prato que apetecesse a condessa: Cortou pedaços de carne crua em finíssimas laminas, tendo como referencia as fatias de presunto cru, dispôs estas laminas em um prato branco em forma de leque e para temperar utilizou como base uma maionese caseira puríssima, à qual misturou gotas de molho Worcester (inglês), uma pitada de poupa de tomate, creme de leite fresco, gotas de tabasco e cognhac. Como o prato era montado na frente da condessa, a curiosidade dos freqüentadores do Harry´s tornou o prato um enorme sucesso. As laminas extrafinas distribuídas em forma de leque tom sobre tom realçando os tons de vermelho só podiam ser comparados a obra de Carpaccio.

As mutações sofridas ao longo do tempo têm influencia na carne all`albese que leva em seu tempero, alem da base de carne crua, óleo de oliva, parmesão, suco de limão, pimenta do reino, entre outras variações.

Portanto chamar Carpaccio de palmito, de surubim, de abobora, de salmão, entre outras criativas variações seria uma falta de respeito e conhecimento ao velho Vittore Carpaccio.

A Receita do Carpaccio – Original do Harry´s voce encontra clicando AQUI

segunda-feira, 18 de maio de 2009

La Cucina della Trattoria

Pequeno restaurante, decoração muito simples, preços baratos, porções fartas, atendimento simples e cortês, e fundamentalmente orquestrado pela família, na sua mais pura essência, servindo pratos que se come no dia a dia, pratos da “Mama”, da “Nona” do “Zio”, sempre primando pelos ingredientes regionais e, fundamentalmente, da estação.

Inspirado nesta definição resolvi passar o dia das mães, não em uma trattoria, mas na companhia de um menu “alla” Trattoria.

Antipasti

Salaminho Caseiro – Sopressata, Diavoletti e Campesino .


Pimentão sott'olio


Beringela Sott’olio da Laura Gomes.



Pães – Italiano e Ciabata



Insalata

Caprese – Tomate Caqui, Buffala e Mangericão

terça-feira, 28 de abril de 2009

São Miguel dos Milagres


Como ninguém é de ferro, após a maratona amazônica fui descansar em São Miguel dos Milagres, que fica na divisa dos estados de Alagoas e Pernambuco.



Podemos dizer que é um lugar perto dos grandes centros (90 km de Alagoas e 106 Km de Recife), porem praticamente intocado, digo longe dos Resorts que pipocam pelo Brasil a fora.



Os povoados ao redor vivem estritamente da pesca e do artesanato, e por incrível que pareça a cidade possui apenas 5 pousadas, bem simples e muito charmosas. A água do mar lembra a do Caribe, e é a mais quente do Brasil.


O que tem para fazer? Nada graças a Deus! Brincadeirinha eu recomendo para quem gosta de andar fazer duas caminhadas pela praia, uma ao sul (até praia do Morro) e outra ao norte (até Porto das Pedras), da para fazer o trecho de ida ou de volta de táxi pois as distancias são razoáveis (30 km ida e volta) e tem o problema da maré (tem andar com ela secando). Pelo caminho sempre tem uma pousada ou um restaurante bem simples com uma cervejinha e agulhas fritas.



Fiquei na Pousada Amendoeira , para resumir, me senti em casa, os funcionários e os donos muito simpáticos, as instalações deliciosas e não tem piscina (tem o mar,ô sorte!) e a comida excelente tudo feito na hora e muito fresco, robalos, polvos, camarões, lagosta... Tudo grelhado, gordura só de oliva extra virgem, um sonho!

Um lugar excelente para namorar, relaxar...

domingo, 26 de abril de 2009

Amazonas


Após 20 anos retornei ao estado do Amazonas para conhecer o programa do Governo do Estado que busca resgatar a extração da borracha natural já quase extinta em função das plantações feitas na Ásia e atualmente em São Paulo, Mato Grosso e Bahia.

O Governo espera que a volta desta atividade possa ajudar a reter a população que vive na floresta, que alem de viver do extrativismo (Castanha, Óleos, Frutas, Peixe, Artesanato, Madeira de manejo e a Borracha), ajudem na proteção contra a ameaça de desmatamento.

O retorno da atividade da borracha esta baseado em uma garantia de preço mínimo pago pelo governo Federal, mais um subsidio a ser pago pelo Governo estadual do Amazonas e por alguns municípios. Alem da construção de uma usina para o beneficiamento da borracha para ser entregue à futura fabrica de pneus que esta para se instalar na zona franca de Manaus.

Visitamos a Calha do Rio Purus e uma cidade da calha do rio Madeira, a saber (Clique nas cidades para ver o álbum de fotografias):

Boca do Acre
Pauini
Labrea
Manicoré

Como a base da viagem se deu em Manaus pudemos conhecer a cidade elaborar um mapa com os principais pontos gastronômicos Amazônicos

Roteiro Mapeado de Manaus

Com toda hospitalidade do povo Manauara alem de ganhar 10 quilos de lombo de pirarucu, na bagagem veio também tucupi, farinha de ovinha, camarão seco, goma de tapioca, pimentas etc.

Para receber meus cunhados Santistas nesta data histórica, Assamos um pirarucu para em seguida engolir o Peixe, segue receita Abaixo.

Pirarucu ao Tucupi



4 pessoas

04 pedaços de lombo de pirarucu
2 dentes de alho inteiros
2 dentes de alho esmagados
Suco de 02 limões
3 pimentas de cheiro
3 cebolas em rodelas
½ xícara de coentro picado.
1 pimentão vermelho cortado em tiras
1 pimentão amarelo cortado em tiras
1 pimentão verde cortado em tiras
1 abobrinha cortado em tiras
1 cenoura cortado em tiras
1 talo de alho poro
1,5 litros de tucupi
20 folhas de jambo escaldadas
Azeite
Sal e pimenta do reino

1) Enxugar bem o lombo do peixe, temperar com sal pimenta do reino e limão. Deixar marinando por uma hora.
2) Ferver o tucupi por 15 minutos e acrescentar o alho inteiro, metade das folhas de jambo, uma pimenta de cheiro e as partes verdes do alho poro. Cozinhar por mais 15 minutos, com meia tampa de panela.
3) Em forno pré aquecido à 250 graus colocar o peixe diretamente na grelha do forno e cobrir a base do forno com água. ( para reter a gordura e manter certa umidade dentro do forno), por 20 minutos.
4) Em uma frigideira grande e alta refogar em azeite a a cebola e o alho poro, para em seguida adicionar os pimentões, as pimentas de cheiro, a abobrinha e a cenoura. Cozinhar por cinco minutos. Adicionar o caldo de tucupi coado e cozinhar por mais cinco minutos. Finalizar com os restantes das filhas de jambo e o coentro.
5) Retirar o peixe do forno e cobrir com o caldo de tucupi com legumes. Acompanha arroz branco, farinha de mandioca e pimenta.


domingo, 22 de março de 2009

Robalo o Imperador



Muito apreciado tanto na pesca esportiva quanto na arte da culinária este peixe, é de longe, o mais respeitado em vários paises como no Japão (Suzuki), na Itália (Branzino), na Turquia (Levrek), Polonia (Labraksa), Catalunha (Llobarro), China (鲈鱼), Dinamarca (Havaborre), Grécia (λαβράκι) entre outros.



No Brasil é vendido a preço de file mignon por volta de R$ 25,00 o quilo, e o seu sucesso se deve alem do sabor, a versatilidade de como pode ser preparado. Em função de sua textura firme, porem macia e seu delicado sabor pode ser preparado grelhado, ao vapor, assado, e até cru como é conhecido na culinária japonesa o incrível prato de nome ussuzukuri (laminas de peixe muito finas com molho a base de shoyuo, nabo ralado, pimenta dedo de moça ralada, limão siciliano e cebolinha rodeladas).



Na nossa costa existem dois tipos de Robalo o Peva e o Flecha. O Peva, de tamanho menor alcança até 50 cm de comprimento e 5 kg, apresentam o dorso cinza esverdeado e os flancos prateados, costuma habitar canais estuários e manguezais e desova em água doce. Já o Flecha é bem maior alcançando 1,2m de comprimento total e 25 kg com coloração do dorso acinzentada combinando com reflexos esverdeados. O ventre é esbranquiçado e a linha lateral é uma listra longitudinal negra que se estende ao longo do corpo até o final da nadadeira caudal.


Os mais puristas recomendam, após qualquer técnica de cozimento, temperar com azeite de oliva e gotas de limão siciliano. Pegando o gancho dos puristas preparamos um file de Robalo cozido em óleo de oliva extra virgem a baixa temperatura, sobre uma cama de berinjela refogada com mel e vinagre, contornado por tomates à provençal e uma verdurinha japonesa chamada Rakkyo branqueada e levemente grelhada em azeite com alho. (Receita resgatada do site do Luiz Cintra “Pescado a Provençal)

Robalo à Provençal
Ingredientes

1 kg de filés de peixe
2 berinjelas médias
6 tomates assados
12 dentes de alho
ramos de tomilho
2 xícara de azeite de oliva
3 colheres (sopa) de azeitonas pretas
2 colheres (sopa) de alcaparras
½ xícara de vinagre
1 colher (sopa) de mel
1 colher (sopa) de salsinha
sal grosso e pimenta-do-reino

Modo de Preparo

Escolher um peixe de carne branca e firme, tipo robalo, mero ou outro. Cortar os filés em quadrados de 10x10 cm aproximadamente. Lavar os tomates e cortá-los ao meio no sentido horizontal. Espremer levemente para retirar as sementes. Forrar uma assadeira com papel manteiga,untar com azeite de oliva salgar levemente os tomates com sal grosso e arrumá-los na assadeira com a parte cortada para baixo. Espalhar na assadeira ramos de tomilho e os dentes de alho com a casca. Assar em forno baixo por cerca de 2 horas, até que as cascas estejam queimadas. Esfriar, retirar as cascas dos tomates e dos dentes de alho. Reservar.

Descascar as berinjelas e cortá-las em cubos de 2 cm. Refogar em uma frigideira com 3 colheres de sopa de azeite de oliva até estarem macias. Acrescentar o mel e o vinagre, cozinhando até que os líquidos tenham sido absorvidos. Acertar o ponto de sal e pimenta-do-reino. Mantenha aquecido.

Em uma frigideira ou panela que caiba os files aqueça as 2 xícaras de azeite de oliva em baixa temperatura ( coloque a panela em uma chapa para poder controlar melhor a temperatura). Tempere os filés de peixe com sal e pimenta-do-reino e cozinhe no azeite de oliva até estarem macios. A temperatura do azeite não deve ultrapassar dos 120 graus. Retire e escorra bem. Pique grosseiramente os tomates assados e misture com a salsinha, alcaparras e azeitonas descaroçadas e cortadas em rodelas. Acerte o sal e pimenta-do-reino. Distribua as berinjelas no centro de 4 pratos, coloque o peixe sobre as berinjelas e cubra o peixe com a mistura de tomates. Regue com um pouco do azeite em que cozinhou os peixes.


domingo, 1 de março de 2009

O Embrião da Bossa Nova

Esta é para chegar em casa, tomar um banho, vestir uma roupa muito confortável, se acomodar em frente ao seu melhor aparelho de som, tomar um relaxante, abaixar as luzes e viajar pelo anos de 1957 e 1958 e sentir o momento da criação da maior transformação da musica popular brasileira.



Aquela batida de violão, invenção até hoje imitada, aquele jeito de cantar, a viagem da melodia em cima da harmonia, sem pressa às vezes com pressa. Tudo isso no seu momento embrionário. É de perder o fôlego.

Caiu na rede por estes dias uma das raridades mais cobiçadas por arqueologistas da musica popular brasileira. São umas fitas gravadas com a voz e o violão do João Gilberto um ano antes do lançamento do primeiro LP de Bossa Nova. Estas fitas foram citadas no livro do Rui Castro “Chega de Saudade”, as quais foram gravadas durante a primeira visita do João ao apartamento do fotografo da gravadora Odeon Chico Pereira. Levado pelo Roberto Menescau, amigos em comum, João cantou mais de 30 e poucas musicas, que seriam seus maiores sucessos até hoje, alem de um gostoso bate papo com os presentes. Estes arquivos de áudio foram tratados pelo engenheiro de som Christophe Rousseau e é de uma qualidade impressionante se levar em conta que estamos no ano de 1958.



Alem das gravações no apartamento, pintou também uma cópia do primeiro compacto gravado pelo João onde pode se ouvir uma grande influencia, no modo de cantar, do Orlando Silva. Porem logo em seguida o cara inventa a nossa querida bossa nova.

Primeira audição – 1956 Compacto da gravadora Copacabana
Quando ela sai (Alberto Jesus – Roberto Penteado)

Segunda Audição – 1956 Gravado no apartamento do Chico Pereira
O Pato (Jayme Silva - Neusa Teixeira)

Terceira Audição – 1956 Gravado no apartamento do Chico Pereira -
Doralice (Dorival Caymmi – Antonio Almeida)


Segue a lista das musicas tocadas.

1 Um Abraço no Bonfà 02:40
2 Unknown Title 02:27
3 Chega de Saudade 01:54
4 Bim-Bom 01:23
5 Ho-Ba-La-La 02:14
6 È Luxo Sò 01:47
7 Desafinado 01:44
8 Saudae Fez Um Samba 01:48
9 Unknown Title 01:48
10 Esse Seu Olhar 02:06
11 A Felicidade 01:59
12 Preconceito 02:30
13 Caminhos Cruzados 01:50
14 Magoa 01:43
15 Lobo Bobo 03:24
16 Brigas Nunca Mais 01:46
17 Unknown Title 02:45
18 Louco 02:16
19 Trevo de Quatro Folhas 00:55
20 O Pato 01:30
21 Aos Pés da Cruz 01:18
22 Rosa Morena 01:30
23 João Valentão 02:06
24 Chão de Estrelas 02:15
25 Conversation 01:06
26 Nos Braços de Isabel 01:36
27 Conversation 00:50
28 La Vem a Baiana 02:14
29 Conversation 00:19
30 La Vem a Baiana 01:39
31 Conversation 00:33
32 Doralice 01:49
33 Conversation 00:22
34 Doralice 00:50
35 Conversation 01:40
36 Você Não Sabe Amar 02:21
37 Beija-Me 02:53
38 Conversation 03:24

O link com os áudios completos estão AQUI

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Bobó de Camarão à Paulista com Cambuquira



Não é fácil entrar no ritmo de novo, acertar o horário, fugir da balança para não encontrar aqueles quilinhos que apertam a cintura, enfim, como não há outra maneira, nada como voltar e driblar a dieta seguindo a tendência atual de valorizar a culinária nacional.

Desde já peço perdão ao povo da Bahia pela releitura deste prato que é uma um clássico baiano, uma intromissão um tanto tímida, pois resolvi não modificar os ingredientes do Bobó e sim alterar um pouco a ordem das combinações.


Sempre achei muito interessante a combinação mandioca, leite de coco e dendê, porem o camarão que acompanha esta base fica meio que insosso, resolvi dar um pouco de prestigio ao camarão, primeiro no tamanho, um pistola jumbo (13 peças por kg), e segundo na preparação feito à moda paulista grelhado (na chapa) com casca e regado com azeite e alhos fritos alem de uma pulverizada de salsinha e coentro (toque baiano na moda à paulista) frescos, o Bobó em si virou um rico coadjuvante. Para dar mais um colorido e “apaulistar” ainda mais o nosso Bobó acrescentamos um pouco de cambuquira refogada em alho e óleo.

Cambuquira para quem não conhece é o broto da planta que produz a abóbora, que nos foi apresentado pelos índios que habitavam nosso estado há muitos e muitos anos. De sabor herbáceo, textura crocante e uma aparência muito charmosa, com filos enrolados em forma de mola, folhinhas e rebentos de abóbora de menos de um centímetro, é um excelente acompanhamento refogada ou em sopas como a famosa sopa de milho com cambuquira. Costumo encontrar nos varejões do Ceasa (Quartas das 16h00-23h00, sábados e domingos das 7h30 as 12h00).

Bobo de Camarão à Paulista

Ingredientes

1 kg de mandioca
4 tomates sem pele sem semente, picado
1 cebola
1 cabeça de alho bem picada
1 pimentão vermelho
Folha de louro
Suco de 2 limões
Salsinha fresca picada
Coentro fresco picado
Óleo de Oliva
Azeite de Dendê
50 mg de manteiga
½ garrafinha de Leite de Coco
300 ml de Leite de vaca
Sal
Pimenta do reino
Pimenta dedo de moça

Preparo do Bobó

1) Em uma panela refogar em óleo de oliva a cebola, uma colher de café de alho picado, o pimentão e a pimenta dedo de moça (sem as sementes), e a folha de louro. Adicionar o tomate e cozinhar por 1 ½ adicionando água quando necessário, no final o molho deve estar nem muito seco nem muito molhado. Em seguida bater o molho no liquidificador adicionando simultaneamente o azeite de Dendê bem devagar em forma de fio (da mesma maneira que se faz maionese), cuidado com a quantidade sugiro algo em torno de uma xícara de café. Na seqüência peneire o molho e reserve.
2) Descasque e cozinhe em água salgada a mandioca cortada em pedaços. Escora e processe a mandioca cozida juntamente com o leite de vaca. Em uma panela pré-aquecida e em fogo muito baixo adicione a manteiga e quando estiver derretida incorpore o leite de coco. Em seguida adicione a mandioca processada misture bem e junte o molho de tomate peneirado. Ainda em fogo baixo cozinhe por 20 minutos mexendo sem parar. Para aumentar ou diminuir a consistência do Bobó adicione leite de vaca morno. Caso necessário torne a processar a mistura para ficar com uma consistência de purê, porem bem macio. Reserve.

Preparo do Camarão

1) Comprar o camarão com casca e cabeça, e para limpar abrir as costas e a cabeça com uma tesoura pequena e em baixo da aguar retirar as partes intimas.
2) Salgar, Apimentar (com pimenta do reino) e regar com o suco de limão. Deixar marinando por uns 15 minutos.
3) Fritar o alho em azeite de oliva até começar a dourar. Reserve.
4) Em uma frigideira grande de fundo grosso chapear os camarões em um fio de azeite, podendo adicionar um pouco de água, ou qualquer vinho branco esquecido na geladeira, para soltar os queimadinhos do fundo da panela. Não fritar mais do que 2 minutos de cada lado. Em seguida adicionar o alho frito, a salsinha e o coentro. Misturar bem e reservar.

Preparo da Cambuquira

1) Limpar bem o maço, descartar os talos duros e cortar com uma tesoura as folhas os brotos as flores os fios enrolados. Se necessário retirar as fibras dos talos.
2) Cozinhar em água fervente e salgada por 3 minutos e em seguida resfriar em água com gelo. Após escorrer, refogar em alho e óleo, adicionando sal e pimenta do reino a gosto.

Montagem do Prato

1) Retirar a casca de um lado dos camarões, manter as cabeças. Colocar no prato com a casca para baixo. Adicionar residual do fundo da panela onde os camarões foram salteados, sobre os camarões.
2) Adicionar com uma concha uma boa quantidade do Bobó ao lado dos camarões.
3) Em algum lugar disponível largue a Cambuquira refogada
4) Decorar com ceboullette picada ou flor de alho.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A Vendedora de "Chopps"


A paisagem do litoral norte paulista se transforma no verão. Quem freqüenta as praias, como são intimamente chamadas, ao longo do ano, fica meio acabrunhado com a invasão de turistas de um dia, ambulantes, punguistas e outros seres que sempre dão as caras por lá.
A praia que começamos a tratar é um paraíso para os turistas, aquele que não deixa faltar no isopor uma farinha da família das euforbiáceas, a manihot, ou mais popularmente conhecida como mandioca, ingrediente fundamental da farofa.
No canto esquerdo temos uma ducha de água geladíssima que vem direto do morro. No canto direito brotando do meio de uma rocha, corre infinitamente uma água mineral fartamente bebida pelos habitantes da praia desde que o homem ali pisou. Para completar o cenário a praia é margeada por imensas arvores “chapéu-de-sol” que proporcionam sombra pra lá de fresca aos nossos visitantes.
É nesse clima que nossos vizinhos, um chiquérrimo casal e seus convidados, costumam aparecer no verão, ela uma socialite famosa e ele um medico descendente de família quatrocentona. Na praia embaixo de uma barraca maravilhosa repousam champagnes, espumantes, astis, cavas, etc., em baldes lotados de gelo. Até ai tudo as mil maravilhas até o dia que um ambulante tentou entrar na praia, retirando um obstáculo de concreto para passar com seu carrinho de bebidas e comidas.
Nossa querida socialite percebendo a tentativa de remoção do obstáculo incorporou-se na guardiã da praia e caminhou em direção ao invasor decidida a proteger a praia. Como o tempo andava meio chuvoso e a praia meio vazia o ambulante, que tinha todas as permissões para entrar na praia, foi levando o embate em banho-maria. Nossa guardiã procurou o presidente da associação dos moradores da praia, que se auto-intitula “Luiz Ignácio Lula da Silva”, presidente fantoche, pois quem realmente manda na praia é o ex-presidente conhecido a boca miúda por “José Dirceu”.
Famoso por atuar nos bastidores nosso Zé Dirceu tomou a dor da nossa guardiã e imediatamente colocou-a em contato com a dona do camping, cujo negocio consiste em um assentamento de barracas com a maior densidade populacional do planeta perdendo somente para o nosso sistema carcerário. Alem de um bar e restaurante praticamente à beira d’água.
Devidamente inteirada, pela nossa campista, sobre as nuancias burocráticas para o legitimo direito de atuar dos ambulantes. Nossa guardiã iniciou um duro debate com o ambulante, chegando inclusive a ser ameaçada de morte, uma vez que o tempo melhorava, o dia 31 de dezembro estava chegando, a praia já com um publico considerável e nosso ambulante sem faturar.
Neste momento o casal, de estritos relacionamentos junto à sociedade, exige e consegue ter a presença, primeiro da guarda municipal, que após ouvir as partes não conseguiu resolver a pendenga. Em seguida chegou a policia militar, que alegou que somente a prefeitura do município poderia resolver a questão. Enquanto era aguardada, pelo casal, a presença de desembargadores, promotores públicos, deputados federais, um carrinho já meio surrado com emblema da prefeitura de São Sebastião encostou junto ao obstáculo que impedia à passagem do ambulante, e dois funcionários inciaram a remoção do impedimento.
A socialite portando um vasto copo de suco de limão adocicado e inundado com a mais pura aguardente Velho Barreiro, num lampejo se ajoelhou e agarrou o poste, aos berros e arfando palavras de ordem, impedindo a remoção do mesmo. Os funcionários informaram aos companheiros da nossa guardiã que iriam continuar o trabalho mesmo com ela entrelaçada ao poste. Em segundos a nossa lutadora foi se aninhando aos braços de seus pares e num outro lampejo se desvencilhou dos companheiros e caminhou completamente ereta, copo de cana em riste, bradando que a luta não havia acabado.
Passados alguns dias, quando tudo parecia calmo com nossos visinhos eis que uma bola de frescobol, ou melhor, de jogo de raquetinha (não sei qual dos termos é mais boiola!), sapeca a testa da nossa guardiã. Toda a frustração do embate anterior sobe à cabeça e sem mais nem mesmo, nossa socialite inicia um discurso sobre a proibição do frescobol nas praias paulistanas, os jogadores incrédulos, não deram a mínima atenção, quando nossa guardiã, que não está em boa forma física, inicia impropérios sobre a possível obesidade da jogadora. Por sorte a turma do “deixa disso” contornou a situação.
Dia 11 de janeiro meu ultimo dia de férias, aquele nó no peito já antevendo a maratona de voltar ao trabalho, eis que vejo a cena mais surreal, e inimaginável, que poderia ocorrer na nossa praia. Nossa socialite, guardiã da praia e seu marido, medico de família quatrocentona, portando um carrinho de chopp Brahma, vendendo aos turistas de um dia à R$ 5,00 um choppinho até que bem geladinho. Ao passarem por nos ela nos dá aquela piscadela e emenda –“Vamos quebrar a concorrência!”. Com muita delicadeza pergunto a ela se a licença para venda de chopp está em dia, e ela com a voz meio embaçada diz que a Brahma esta por trás do empreendimento, que com certeza deu mais um prejuízo ao casal, pois para cada chopp vendido uns três eram consumidos pelos guardiões.Até que para ultimo dia de ferias beber um chopinho bem gelado sob o sol que demorou a se firmar foi muito refrescante.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Codornas à la 2009


Cheguei aqui no litoral como um típico paulistano, estressado e com aquela impaciência de arrumar o que fazer, cozinhando todos os dias, arrumando as coisas, reclamando da ineficiência das pessoas, isto tudo ate dia 30 de dezembro quando fiz a ultima pizza do ano. Foram 16 pizzas para quase 50 pessoas, por incrível que pareça correu tudo na maior tranqüilidade e harmonia.

Daí em diante a preguiça se apoderou do meu ser e passei a dedicar a maior parte do dia a uma rede amarrada entre dois chapéus de sol na beira do mar, um livro, bem facinho de ler, e muitas e muitas horas de cochilo. Literalmente fugi da cozinha.

Com as baterias recarregadas voltei à cozinha, meu passatempo favorito, e inaugurei 2009 com uma receita de codorna assada que remonta as lembranças familiares dos remotos tempos da Toscana, região italiana que estão entre as melhores na opinião deste humilde blogueiro.

Para acompanhar as codornas fiz um arroz negro com aroma de legumes. Este arroz, de origem chinesa, está sendo plantado no interior de São Paulo pela empresa Ruzene, e é facilmente encontrado em qualquer supermercado. De sabor acastanhado é uma excelente opção para acompanhamento. Por ser um grão muito mais duro do que os arrozes encontrados por aqui, o segredo para um bom cozimento é prepará-lo como se fosse nosso arroz comum porem a quantidade de água deve ser 2,5 vezes a quantidade de arroz e cozinha-lo em panela de pressão por 25 minutos.

Espero agora que aos poucos possa voltar aos exercícios gastronômicos e espantar a preguiça maluca que normalmente me invade em habitat litorâneo.

Codornas assadas à moda da Dona Desdemona.


6 codornas
2 cebolas roxas bem picadas
100gr de bacon picados
½ xícara de salvia fresca picadas
Óleo de Oliva
Vinho Branco
Sal e pimenta do reino moída na hora

Temperar massageando as codornas com sal e pimenta do reino.
Misturar a cebola, o bacon, a salvia, e adicionar um pouco de sal e óleo de oliva.
Rechear as codornas com esta mistura e fechar a abertura com um palito de dente.
Lambuzar as codornas com óleo de oliva e acomoda-las em uma assadeira.
Adicionar o vinho branco e assar em fogo médio no inicio e fogo forte no final.
Durante o processo de assar virar a assadeira e as codornas. Acrescentar mais vinho se o fundo da assadeira secar e/ou começar a queimar.
Quando as codornas estiverem bem douradas transferi-las para uma travessa.
Colocar a assadeira em uma boca do fogão com a chama media e soltar o “fundo” do assado com um pouco de vinho. Coar o liquido e retirar o excesso de gordura. Adicionar sobre as codornas.

Arroz Preto com legumes



Para o arroz base:
250 g de arroz preto Ruzene
650 ml de água fervendo
1 cebolas picada
1 dente de alho picado
Um fio de óleo de canola.

Para finalizar
Um bom fio de azeite
1 ceboullette picada
1 pedaçinho de gengibre picado
1 talo de salsão picado
1 talo de alho poro picado
1 cenoura picada
3 mini abobrinhas picadas
½ pimentão amarelo picado
100 ml de caldo de frango.

O Arroz

Refogar em óleo de canola a cebola e o alho, adicionar o arroz e fritar um pouco.
Adicionar a água o sal e cozinhar em panela de pressão por 25 minutos contados a partir do fechamento da panela.
Ao final o arroz devera estar cozido al dente e um pouco molhado. Neste momento misturar os legumes conforme preparação abaixo descrita e cozinhar em fogo baixo por 3 minutos, caso necessário acrescente mais água. O arroz devera estar bem molhado.

Os Legumes

Em uma frigideira refogar todos os ingredientes da finalização, menos o caldo, até ficarem cozidos porem crocantes. Adicionar o caldo de frango e cozinhar por 3 minutos.