domingo, 30 de novembro de 2008

Picadinho da Vó Native


Nada como uma comidinha da avó para acalentar a alma em tempos de crise. Este prato era servido lá em casa todas às segundas-feiras acompanhado do velho amigo arroz com feijão e de banana da terra à milanesa.



Será que as avós de hoje são iguais? Eu me lembro que toda semana minha avó aparecia lá em casa com sua sacolinha repleta de iguarias, as favoritas dos netos, detalhe: ela só andava de ônibus. Sempre tinha uma surpresa, uma torta de palmito (jussara fresco), flores de abobora colhidas no sitio, que eram preparadas à milanesa, sequinhas e crocantes, aparecia também umas mini berinjelas preparadas na panela rochedo, aquela com uns clips de pressão. Entre tantas outras, como biscoitinho de queijo, croquete de carne (feito com o músculo do molho de macarrão), reinava sua especialidade: as coxinhas, cremosas com um recheio de frango muito delicado que a “veínha” preparava de madrugada, segundo ela o melhor horário para se trabalhar, sem amolação, sem ninguém por perto, pois para enrolar uma coxinha com uma massa quase liquida só com muita tranqüilidade e paciência. Várias noras tentaram fazer, porem quem comeu. Comeu.

Com a permissão da minha avó querida, que nos deixou este ano com 100 anos de idade, fiz pequenas alterações na receita porem o básico, o fundamental, ficou preservado. Picadinho de carne de boi com batatas, cenouras e o toque final, o que dá aquele gostinho inesquecível, uma boa pulverizada de agrião fresco antes de servir o prato.


Para acompanhar fizemos favas escuras secas, do mesmo jeito que preparamos o nosso tradicional feijão, alem de arroz basmati, trazido escondido na mala direto do Paquistão, e banana da terra frita.


Picadinho da Vó Native

para 6 pessoas

600 gr. de filé mignon picados na ponta da faca.
1 cebola picada.
1 dente de alho picado.
2 cenouras picadas
2 batatas picadas
1 prato fundo de agrião picado.
Uma dose de cachaça branca de alambique.
300 ml de fundo (caldo) de carne (usei o de vitela do post anterior)
Massala opcional de sementes tostadas e trituradas de cardamomo preto, cominho, erva-doce e coentro.
2 tomates maduros sem pele sem semente em forma de purê.
Azeite
Sal e pimenta do reino

Tempere a carne com sal e pimenta do reino.
Em uma caçarola com fogo alto fritar no azeite a carne picada. Retirar e reservar.
Na mesma panela adicionar a cebola, o alho e o massala, se necessário mais um pouco de azeite, em seguida adicionar os tomates, após um minuto o fundo da panela deverá estar ficando escuro e os temperos pegando no fundo. Neste instante adicionar a cachaça, flambar e soltar o fundo (deglacê), para em seguida juntar o fundo (caldo) de carne.
Quando o caldo começar a ferver adicionar a cenoura e a batata.
Quando a batata estiver cozida o prato estará pronto, adicione água se necessário para manter a umidade desejada. Antes de servir adicione o agrião e misture bem.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Culinária Húngara



Estamos participando da 10ª Harmonização Virtual promovida pelos blogs Lê Vin Au Blog e Gourmandise . O prato sugerido foi o Pörkölt de carne bovina e o vinho Bataapati kékfrankos 2005 (Marchesi Antinori).

Eu experimentei comida húngara há muito tempo atrás em um restaurante no Rio Grande Sul (Restaurante Húngaro “A Canga” RS 122, KM 09 São Sebastião do Caí, RS fone: (51) 3536 1461), pelo que eu me lembro comi uns pimentões recheados com molho espesso a base de páprica, alem de uma sopa de massa. Era um restaurante muito simples porem a comida honestíssima.

O prato sugerido é a base de músculo bovino, cozido em caldo de carne e aromatizado com páprica e kumel, acompanhado de batatas cozidas puxadas na manteiga e salpicadas de salsinha. De sabor intenso o prato surpreendeu pela simplicidade e pelo resultado final. Ficou delicioso, porem é um prato para se comer no inverno. O grande segredo está no caldo de carne, o qual foi preparado com vitela, e na páprica, que deve ser de boa qualidade. Este prato já foi para minha lista de favoritos.

Quanto ao vinho fiquei um pouco decepcionado, pois este prato pede um vinho encorpado como, por exemplo, um Brunello de Montalcino, um Barolo, um Malbec, etc., creio que harmonizariam melhor, pois o molho do prato é viscoso e ressalta os sabores da páprica, do toicinho defumado e do toque de kumel.

O vinho sugerido é da casta kékfrankos, uva típica da Hungria, aos olhos a cor é de um vermelho opaco e com brilho de pouca intensidade, no nariz o aroma é amplo porem sem nenhum odor prevalecente, na boca um sabor seco com acidez normal e um bom equilíbrio alcoólico, pouco encorpado e com taninos suaves. Classificaria como um vinho regular com um custo beneficio aceitável (R$ 42,00).

Receitas:

Pörkölt
Fundo de Vitela (Caldo)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Os gastrochatos - Por Walcyr Carrasco

Esta aí um texto que gostaria de ter escrito, como já escreveram segue de complemento ao post anterior.



Todo dia surge uma nova moda culinária! Muitos adoram demonstrar seus conhecimentos sobre cada novo tempero, ingrediente, chef ou tendência! São os gastrochatos. Um dos pratos mais falados é a tal da "espuma". Faz-se espuma de tudo, até de salmão. Fico enjoado só de pensar em espuma de peixe! Um amigo comentou, entusiasmado:

– Comi o ovo perfeito!

É um ovo cozido a determinada temperatura durante horas. Mas ovo não tem sempre gosto de ovo? Na esteira vêm bolinhas que explodem na boca e outras novidades. Fruto da culinária do catalão Ferran Adrià. Reservas para seu restaurante, na Espanha, só com dois, três anos de antecedência. Furar a fila é mais difícil que fazer tomografia no INSS. Adrià realiza alguns eventos no exterior, mas poucos. Tem seus seguidores, sempre em endereços de luxo. Por estatística, é impossível que tanta gente tenha provado suas receitas, mas é chique falar a respeito. Há quem pague fortunas para comparecer a eventos culinários. E depois se exibir. Vi o cardápio de um jantar caríssimo, disputado a tapas. Entre outros itens, lá estava: tartar de tomate. Não passa de tomate cru temperado. O gastrochato jamais admitirá ter gasto uma fábula em um prato tão simples. Prefere o nome difícil: tartar! Falando das palavras: inventaram agora o "caviar" de berinjela, de abobrinha etc. etc... Caviar de verdade vem das ovas de esturjão. O resto são bolinhas pequenininhas. Quem ouve a respeito sofre ao imaginar o que está perdendo na vida. Eu digo: berinjela crua! Outra moda é a tal da "finger food". A comida é servida em porções mínimas! Para degustação! Fui a um jantar em que tudo vinha em potinhos: um dedinho de paella, outro de macarrão, e assim por diante. Passei fome. Se minha mãe servisse tão pouco, seria chamada de pão-duro. Hoje virou coisa refinada!

Também existem os gastrochatos da saúde. Os mais extremos são os da linha vegan. É o vegetarianismo radical. Uma conhecida jamais usa em vegetais uma faca que tenha cortado carne, porque está "impura". Os vegans não desfrutam nenhum derivado de animais. Nem mel. Um amigo entrou em um novo restaurante. Prato do dia: moqueca de tofu. Eu teria fugido. O inocente sentou-se. Veio tofu no azeite de dendê. Dá para imaginar coisa menos apetitosa? Reclamou. Levou bronca da dona.

– Pensei que era um tofu refogado...

– Você devia saber que moqueca tem azeite de dendê!

Correu até a hamburgueria mais próxima. Em outra época, a moda era a macrobiótica. Havia um regime à base unicamente de arroz integral que prometia deixar a saúde impecável. Um conhecido foi parar no hospital, com desnutrição. A explicação do mestre:

– Você não fez direito.

Um amigo natureba adora cozinhar para as filhas: tofu frito com cebolinha e arroz integral. Comentou, espantado:

– Descobri que elas comem bife escondido na casa das amigas!

– Você está criando duas carnívoras – expliquei. – Quem cresce comendo tofu vai se esbaldar na primeira churrascaria até antes de aprender a dirigir!

Vem mais por aí. Segundo descobertas científicas, quanto menos se ingere comida, mais se vive. É fato. Há um movimento nos Estados Unidos cujos membros comem o mínimo possível. Li numa reportagem: os seguidores fizeram um banquete em torno de fatias de beterraba! Um homem era alaranjado, com a dieta à base de cenoura! A moda vai chegar, se já não chegou ainda! Comer com os amigos é tão bom! Mas o gastrochato transforma o prazer em teoria. E a culinária em uma espécie de religião! Gastronomia é uma arte. Mas pode virar uma chatice.

e-mail: walcyr@abril.com.br

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Na Contramão da Tecnologia


Este ano Sampaulo sofreu uma invasão de tecnólogos gastronômicos, principalmente na pessoa de Ferran Adrià, com suas espumas, cozimentos a vácuo, modificações nas texturas dos alimentos, entre outras modernidades somente acessíveis a poucos mortais.

Enquanto não recebo meu kit “El Buli” composto de sifão a gás comprimido e vários pozinhos mágicos que pretendo encomendar no site espanhol Latienda Del Chef , me deparei com uma engenhoca que nos leva a uma das mais antigas técnicas de conservação dos alimentos, a Defumação .


Meu pai há muitos (e podem botar muitos) anos atrás tinha uma engenhoca desta e defumava peixes lá em casa, pensei em fazer o tal equipamento com uma lata de biscoitos conforme assisti num programa do James Oliver, porem descobri ser muito perigoso, pois a maioria das latas é envernizada, o que provocaria uma intoxicação alimentar.

Descobri meu defumador no Mercado Livre e recebi, exatamente conforme o anuncio descrevia, a minha caixinha de alumínio com grades de inox, serragem, espátulas e instruções, tudo muito simples porem funcionando perfeitamente. E para a estréia do defumador caseiro passei lá no Varejão do Ceasa e levei para o jantar um salmão de uns 2 kg e 1kg de camarões VG.

Menu

Salmão defumado com iogurte alho poro e limão siciliano.
Camarão Defumado ao Pesto de Wasabi.


Resultado:
Ainda dá para ser muito feliz com as invenções da idade média.

As receitas estão na barra lateral no tópico “receitas para imprimir“.

Para comprar o Defumador caseiro entre em contato com:
Luiz Cesar Pereira
e-mail luiz8510@gmail.com
Telefone: 47-3361-2693.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Jantar do Século

Nesta segunda feira acontece em Sampaulo o jantar do século, vários chefes de diversos lugares do mundo reunidos para um jantar onde poucos mortais poderão degustar.

Para quem não puder ir a dica é curtir o maior chef de todos os tempos: Nosso glorioso Itamar Assumpção, que apesar de não estar mais entre nós, cunhou para a eternidade o belíssimo prato abaixo apresentado.

Abobrinhas, não





Cansei de ouvir abobrinhas
Vou consultar escarolas
Prefiro escutar salsinhas
Prefiro pedir socorro as papoulas
E as carambolas

Pedir um help ao repolho
Indagar umas espigas
Aprender com pes de alho sobre bugalhos
Ouvir dicas das urtigas
E dessas tulipas

Vou pedir um toque pro miosotis
Um palpite pro alpiste
Uma luz pra flor de lotus
Pedir alento ao cipreste
E pra dama da noite

Um bom conselho a seralha
Sugestão pro almeirão
Ideias pra azaleias
Opinião para o limão pimentão
Abobrinhas não